domingo, 9 de dezembro de 2007

Produção e autonomia relativa na aprendizagem de línguas

ZOZZOLI, R. M. D. Produção e autonomia relativa na aprendizagem de línguas. In: LEFFA, V. J. (Org.) Pesquisa em Lingüística Aplicada: temas e métodos. Pelotas: Educat, 2006.



RESUMO: Neste texto busca-se fazer uma abordagem sobre a questão da autonomia do sujeito e, de que forma, a prática de ensino de linguagem se comporta em contribuição positiva ou negativa a esta autonomia. Em outras palavras, a partir de uma situação histórica, a autora busca refletir sobre como foi considerado, durante o tempo, o ensino de linguagem, com vistas, em um primeiro momento, às produções orais e escritas da língua. Com base nas citações históricas, nos é mostrado como as modalidades oral e escrita foram percebidas por comunidades teóricas como distinções de status. Nos primórdios, a escrita estaria vinculada a uma questão de privilégio social, restrita a um certo número de pessoas pertencentes a um grupo dominante. Logo após, elaboraram-se gramáticas com a intenção de se manter este status lingüístico. As normas lingüísticas e os modelos de abordagem lingüística desta época, em grande parte, permanecem hoje no trabalho de ensino de línguas. Em contra-partida, a oralidade sempre obteve uma característica dinâmica pois, diferentemente da escrita, não era restrita, nem padronizada. Com relação ao ensino de linguagem, a crítica que é feita está no sentido de que, mesmo com o advento da Lingüística Moderna, com as contribuições do Gerativismo-transformacional e da Psicolinguística, o ensino de línguas continua a priorizar uma abordagem eminentemente escrita da língua, visando uma exploração instrumental da prática lingüística. Nesta perspectiva, o ensino mecânico da linguagem consiste em ensinar a copiar modelos já estabelecidos de linguagem, sem estimular no indivíduo a capacidade de compreensão e, por conseqüência, a sua afirmação enquanto sujeito. Há que se levar em conta que este modelo tradicional tem grande relevância na perspectiva estruturalista, que considera o indivíduo apenas como produto do meio. Desde então, surgem diferentes perspectivas quanto a questão da autonomia e também do ensino de linguagem. Passa-se de uma lingüística voltada para a palavra, para uma abordagem voltada para a comunicação, para o texto e, enfim, para o contexto, demonstrando que, durante o tempo, o indivíduo foi, ao menos teoricamente, conquistando a sua subjetividade.

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